Embora fora da ilha, não deixei de acompanhar o desenrolar dos jogos das nossas equipas de futebol, a nível açores ou nacional, do último fim-de-semana. Parabéns ao Madalena e ao Vitoria, embora ambas as vitorias alcançadas tenham significados diferentes, já que o Madalena campeão da série Açores, subirá à II Divisão – Centro, e o Vitória dificilmente lá permanecerá. Quanto ao jovem clube fundado em 1988, o Prainha F. C., mesmo não jogando este fim-de-semana, já é campeão da A. F. Horta e aqui deixo uma palavra de apreço aos seus jovens dirigentes e treinador Jeremy Maiato.
CD Lajense 2009
Também neste âmbito, apreciei há dias uma interessante entrevista dada à Rádio Montanha, das Lajes, pelo Professor Miguel Paula, que além de piloto de raly de relevo no desporto automóvel, prestigiando o concelho das Lajes e a nossa ilha por essa Região fora, também é, desde há três anos, presidente da direcção do Clube Desportivo Lajense. É sobre as suas ideias que hoje me debruço, porque obviamente muitas ou quase todas elas entroncam com as minhas. Da entrevista muito bem conduzida pelo Fernando Cardoso, presidente e grande animador da Rádio Montanha, percebe-se que a motivação do Miguel Paula em assumir a gestão do Lajense, vem dos tempos em que foi jogador do clube, quando passou a viver nas Lajes, mas quando assumiu, por eleição, os destinos do clube, fê-lo porque achou que era hora de mudar pois sabia já da existência de vários constrangimentos, que não ajudavam à recuperação financeira do clube.
Agora só depois das dividas saldadas, se poderá aspirar a dar o salto qualitativo que o clube anseia, mas antes preferiu apostar na área da formação do clube e os resultados, segundo ele, são positivos já que este ano o clube foi campeão em iniciados e em infantis, disputando as fases finais da Associação. Dessa aposta na formação resulta ainda que na actual equipa sénior já estão 5 juniores formados no clube. Assume também que a nível sénior, a equipa vem fazendo uma travessia no deserto, porque as verbas são mínimas e a maior parte foi canalizada para o saneamento financeiro do clube, já que o financiamento publico (presumo que da autarquia) não foi o que se esperaria, e foi com esse pouco que receberam e com gestão rigorosa que se abateu o passivo, estando a melhorar a situação financeira pois as dividas à Segurança Social já estão regularizadas. A dívida maior do clube é a particulares e ainda vem da altura em que o Lajense militou na III divisão. Hoje pode-se dizer que as outras estão quase regularizadas… Claro que com o esforço para reduzir a dívida, não se compraram fatos de treino, mas os miúdos sabem-no, a direcção tentou esta época dar outras condições aos seniores mas ainda não apareceram resultados; espera ter uma óptima base para fazer a próxima época com dignidade e até poder fazer um brilharete, porque as condições estão a ser criadas. Quando perguntado se os clubes dos outros concelhos estão a receber mais apoios comparativamente com o Lajense, diz que o município investiu num novo campo, mas a realidade é que com os valores que eram dados pela Câmara era impossível ter a veleidade de imaginar aceder a voos mais altos, pois nesses patamares todos os jogadores seniores querem receber uma gratificação - já ninguém joga por amor à camisola - e exprime frontalmente a sua opinião como cidadão e como presidente do clube: “é profundamente errado, sobre o ponto de vista financeiro, fazerem-se os gastos que as outras Câmaras estão a fazer nos clubes dos seus concelhos, pois essa não é uma politica desportiva realista e pergunta ele: Com a subida do Madalena à II divisão, o Boavista na III divisão mais o Vitória, a que se juntará o Prainha, como é que essas duas Câmaras poderão suportar 4 clubes nos nacionais? É um exagero, atendendo ao numero de habitantes da ilha”. Diz também que não há retorno desse investimento e sempre achou que deveria ser obrigatório um máximo de jogadores da própria ilha e pensa que os outros clubes do Pico devem ter uma calculadora diferente daquela que ele usa… e adianta que no futuro, sem querer agoirar, ver-se-á ao que levou esse exagerado dispêndio de verbas, porque estão-se a atingir limites que não são viáveis, já que 4 equipas do Pico na série Açores, são cerca de 40% do todo regional e continua Miguel Paula: “é preciso lembrar que há anos se disputava um campeonato Pico-Faial com 10 equipas e hoje o campeonato Pico-Faial tem apenas 5 e para o ano, se a Piedade não tiver seniores o Lajense será a única equipa da ilha”, por isso defende que se tem de incentivar os jovens a porem de parte, por algumas horas, os jogos dos computadores e levá-los a praticar desporto-futebol…
Com todos estes contratempos, ainda deixa uma réstia de esperança e de muita fé em como o Lajense sairá do marasmo quanto ao futebol sénior, apostando em que na próxima época, com jogadores da casa, é possível talvez fazer o tal ambicionado brilharete.
Realmente dá que pensar… todo esse investimento de milhares e milhares de euros, ano após ano. Até quando?
Voltar para Crónicas e Artigos
|
